CONGRESSOS NACIONAIS DE CENTROS
DE FORMAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO DE ESCOLAS
XIV CONGRESSO NACIONAL EM SANTO TIRSO
19 de outubro de 2018
Receção dos participantes
Abertura Oficial
> Secretária de Estado Adjunta e da Educação
> Presidente do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua
> Presidente da Câmara de Santo Tirso
> Presidente da Comissão Diretiva do POCH
> Representante dos CFAE da Região Norte
Conferências 1 e 2
Flexibilização curricular versus exames nacionais
> João Costa
O papel dos CFAE Formação contínua de docentes
> Sérgio Machado dos Santos
Moderador: Carlos Abreu – JN
Mesa redonda 1
A formação contínua promovida pelos CFAE – Atores e desafios
• Presidente Conselho de Escolas – José Eduardo Lemos
• Presidente do CCPFC – Rui Trindade
• Diretora Geral da Administração Escolar – Susana Castanheira
• Inspeção Geral de Educação e Ciência (IGEC) – Luís Capela
• Investigadora das Secções de Formação e Monitorização (SFM) – Ângela Rodrigues
Moderador: Joaquim Raminhos – Representante dos CFAE de Lisboa e Vale do Tejo
Ateliês 1
As 5 regiões organizarão 3 ateliês, em simultâneo, coordenado pelos
representantes, a partir do conjunto de temas proposto pelos representantes
regionais e convidando 3 intervenientes.
1 – Ambientes de Aprendizagem Inovadores – a operacionalização;
2 – Trabalho em REDE e os seus reflexos na atividade dos CFAE.
3 – Projetos Pedagógicos Inovadores: Escola Secundária de Carcavelos, Escola da Ponte; Agrupamento do Freixo e Agrupamento de Atouguia da Baleia
Apresentação das conclusões dos Ateliês
Lançamento de Livro e Revista
20 de Outubro de 2018
Mesa redonda 2
Formação contínua e inovação: Como gerir a mudança?
> Flexibilidade curricular e autonomia das escolas – Ariana Cosme
> Perfil de Aluno: Que Perfil de Professor? – Maria João Horta
> Aprendizagens essenciais – José Vítor Pedroso
> Ambientes de aprendizagem Inovadores – Neusa Pedro
Moderador: Fernando Alves – TSF
Conferência 3
Educar para a cidadania e cultura democrática
Álvaro Laborinho Lúcio
Moderador: Carlos Magno – ERC
Momento lúdico – Musiké
Encerramento Oficial
> Presidente da República
> Ministro da Educação
> Presidente da Câmara de Santo Tirso
> Presidente da Comissão Diretiva do POCH
> Representante dos CFAE da Região Norte
Visita Guiada a Santo Tirso
Flexibilização curricular versus exames nacionais
O 14º Congresso dos CFAE realizado, nos dias 19 e 20 de outubro, em Santo Tirso, iniciou-se com a intervenção do Sr. Secretário de Estado da Educação, Doutor João Costa realçando no seu discurso que a Autonomia Flexibilidade Curricular é um instrumento de trabalho para permitir que o currículo chegue a todos os alunos. Na capacidade de adequar formas de ensinar, organizar o tempo, as disciplinas e abordagem de conteúdos de modo a permitir melhores aprendizagens aos alunos. Então, se há melhores aprendizagens, refletir-se-á nos exames pois estes servem para verificar como e o que se se aprende. Referiu que só 1 dos alunos do ensino secundário é que vão a exame. Trabalhar para os exames indica que se trabalha só para um grupo reduzido de alunos, acrescentou.
O papel dos CFAE na formação contínua de docentes
O Doutor Sérgio Machado dos Santos começa por enaltecer a importância que o congresso dos CFAE tem, na discussão e reflexão sobre a formação contínua. Sugere algumas pistas para reflexão conjunta: Missão, Organização e Regulamentação da formação contínua.
Concluiu a sua intervenção com uma nota acerca da relevância da formação contínua para a progressão da carreira, que passo a citar: todos estamos de acordo que é positivo que a formação contínua seja condição para a progressão em carreira, mas, estaremos igualmente de acordo que a progressão em carreira não pode ser a motivação única, ou predominante para a realização da formação contínua. Trata-se de uma condição necessária, mas não suficiente.” Realçou, também, que os CFAE como os pilares fundamentais da promoção da formação contínua dos educadores e professores.
A formação contínua promovida pelos CFAE – Atores e desafios
O José Eduardo Lemos resumiu a sua intervenção em oito notas: 1º força e vitalidade dos CFAE; 2º relação das escolas com os CFAE no apetrechamento de recursos humanos e materiais; 3º intencionalidade e coerência na formação dos professores e pessoal não docente; 4º contributo dos CFAE na autonomia às escolas; 5º preparar o futuro; 6º diversificar fontes de rendimento; 7º encontrar e colocar os interesses em comum; 8º qualidade dos serviços prestados.
Rui Trindade centrou o seu discurso nos três grandes desafios, que dizem respeito a todos e, aos CFAE em particular. Um desafio tem a ver com promulgação dos Decreto-Lei nº 54 e 55 de 2018 e da implicação do Despacho nº 9726/2018, no seu ponto nº17. Temos que aprender a trabalhar em conjunto de modo a encontrar a nossa voz e a dos alunos. Outro prende-se com a necessidade de regulamentar a formação à distância. Um terceiro desafio, tem a ver com as questões científico pedagógicas e a necessidade de uma visão mais ampla, mais aberta, mais congruente com os desafios do tempo atual.
Susana Castanheira Lopes principia por louvar o papel dos CFAE no processo de mediação e intermediação entre a decisão política e a sua operacionalização nas escolas bem como na formação contínua. O papel da DGAE no sucesso dos CFAE em garantir o apoio técnico no âmbito de desenvolvimento profissional dos recursos humanos da educação. No quadro da avaliação externa. A cooperação com os CFAE não se esgota.
Antónia Barreto deu o seu testemunho enquanto docente da ESE Leiria e elemento de uma equipa no âmbito da avaliação externa. Começa por dizer que a avaliação externa dos CFAE foi “beber” à avaliação externa das escolas. A metodologia é a mesma, deslocação aos CFAE durante 3 dias, ver processos de funcionamento, entrevistas painel, elaboração de um relatório, devolução do relatório ao Centro caso haja necessidade de contraditório e por fim a classificação. A classificação atribuída depende destas 3 dimensões da avaliação: Liderança, Processo, Resultados. Neste momento é objeto de discussão a modalidade de formação, tempo/época para a realizar e qual a sua natureza. Qual o impacto da frequência de formação na transformação da escola?
Papel das lideranças intermédias e a formação contextualizada. Perfil do professor que integra a Sessão de Formação e Monotorização? Qual o perfil dos diretores dos CFAE?
Marta Alves apresentou todo o processo que a Sessão de Formação e Monitorização construiu o plano de atuação.
Atelieres – Síntese
1 Ambientes de Aprendizagem Inovadores – a operacionalização ALENTEJO
Responsáveis: Maria Luísa Moreira e Miguel Castro
A apresentação focou-se nos ambientes de aprendizagem em função do enquadramento que é proporcionado (e possível) à luz dos documentos que visam promover a transformação na escola:
– O perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória;
– Estratégia nacional de educação para a cidadania;
– Aprendizagens Essenciais
– Os Decreto-Lei nº 54 e 55/2018
São documentos que promovem uma escola inclusiva e promotora de melhores aprendizagens, que permitem a gestão do currículo de forma flexível e contextualizada.
Pretende-se reinventar o papel fundamental da escola (de certa maneira) em oposição a uma visão tradicionalista do papel por ela desempenhado: o bom aluno, sentado, direito, quieto, atento, cumpridor, em contraposição com o sujeito dinâmico, cooperante, comunicador, com iniciativa e espírito crítico.
Vivemos tempos de mudança profunda a níveis diversos: social, económico, profissional e tecnológico, e a um ritmo alucinante. Qual o papel da escola nesta mudança? Uma escola que reflete, em si mesma, as tensões, alterações e transformações que ocorrem na sociedade!?
Como se deve organizar esta escola? Em saberes compartimentados, enciclopédicos, mais próximos do séc. XIX que do séc. XXI? Ou numa lógica interdisciplinar, transdisciplinar? Em indivíduos singulares ou equipas colaborativas? Instruir ou construir o conhecimento?
E é aqui que se coloca a importância da definição do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória: não podemos definir e traçar o rumo, sem saber onde queremos chegar. E é em função desse objetivo que podemos e devemos definir as nossas práticas pedagógicas e didáticas.
O que nos leva ao tema deste atelier: a necessária utilização de estratégias inovadoras e criativas é determinante na sala de aula! Exemplos:
– PBL: Project Based Learning
– Problem Solving: a Resolução de Problemas
– Gaming: A transformação do processo de aprendizagem num jogo
Mas há tantas outras possibilidades e estratégias…
Rumo a um novo ecossistema escolar e de sala de aula, impõe-se uma nova sala de aula, um novo espaço de aprendizagem: aberto, amplo, flexível, multifuncional:
– Com horários flexíveis e dias escolares mais curtos;
– Conteúdos abertos, não lineares, conectados e correlacionados;
– Redes de trabalho e comunicação tecnológicas, comunitárias, profissionais.
Terminamos, citando Umberto Eco:
Não é maldizendo a escuridão nem apagando as poucas luzes que restam que se constroem novos possíveis…
2 Trabalho em REDE e os seus reflexos na atividade dos CFAE. Dinamizado pelo EduFor
Responsável: Isabel Serra
A equipa do EduFor teve como objetivos: Valorizar o trabalho colaborativo como processo de evolução; demonstrar em contexto prático a transversalidade dos projetos e apresentar exemplos de redes.
A apresentação tratou as redes de trabalho em torno de três eixos:
Projeto M@SS (Erasmus+) – Rede Europeia, como rede colaborativa e a Escola como espaço de autonomia.
EduFor – ICL@b – Rede colaborativa de inovação com Ambiente de Aprendizagens Inovadoras
Academia STEM – Uma rede para as competências do século XXI.
A metodologia permitiu envolver o grupo no debate de ideias e na exploração de alguns exemplos.
Destacamos as seguintes conclusões:
- O EduFor assume o Trabalho Colaborativo/ o Trabalho em Rede, como uma marca da sua existência, fazendo parte da sua identidade, pois permite potenciar o melhor dos seus colaboradores, promovendo a inovação e a criatividade.
- O EduFor, no respeito pelas suas competências, inscritas no Decreto-Lei nº 127/2015, de 07 de julho, dá plena importância à Formação, mas atribui ênfase particular às alíneas F e G do artigo 8º, por elas servirem de suporte a Outras Atividades, Projetos, a uma intervenção mais inovadora, criativa e promotora de melhor sucesso educativo.
Fomenta a valorização de Rede de Pessoas/Rede de Projetos.
- Entendemos o Erasmus+, como uma Nova Oportunidade, um espaço para Novos Desafios e Novas Redes Colaborativas.
Estas redes europeias permitem um conhecimento prático de novas realidades educativas e organizacionais, sendo uma forma eficaz e eficiente de maximizar as redes de conhecimento e de inovação.
- Ainda em 2015 alargámos a REDE. Um desafio com visão levou-nos a desenhar e coordenar o M@SS, um grande projeto Europeu, K2, dirigido a Diretores de Escolas. Os objetivos: Envolver diretamente os Diretores das Escolas EduFor em formação de contexto Europeu, durante 6 semanas, ao longo de 3 anos;
Ter como parceiros: 6 países, (Portugal, Espanha, Itália, Reino Unido, Holanda e Polónia) com 13 escolas, 2 Centros de Formação, um município, (da Holanda) e a UPorto;
Trabalhar para uma gestão mais eficiente e melhorar o sucesso das organizações, numa perspetiva de níveis e graus de autonomia e responsabilidades partilhadas, na gestão dos recursos, na tomada de decisões, nos processos de autoavaliação e como decisores de currículo;
Obter conhecimento relevante e inovador nos Temas: “Autonomia”, “Autoavaliação de Escolas”, “Currículo”.
- Neste projeto entre muitas reflexões, aprendizagens e produções, renovámos a convicção da importância do trabalho em rede, prática corrente dos nossos parceiros, nomeadamente na rede de trabalho com os Stakeholders (Instituições de Ensino Superior, Pais, Municípios, Empresas, Escolas da Região);
- O calendário ao longo dos 3 anos exigiu muito trabalho de planificação, realização de tarefas de pesquisa, trabalho colaborativo/Rede entre Diretores, para produzir os “Outputs”. Foi um processo de construção do conhecimento em redes colaborativas de aprendizagem. Os resultados deste processo, bem como os Outputs do projeto estão divulgados em http://schoolsuccess.edufor.eu/uk/index.html.
- Acreditamos que só em rede se aprende e se evolui, pois em partilha podemos avançar com melhor qualidade. Redes é a nossa alma e queremos crescer/ aprender/ desenvolver/ comunicar/ criar…
Somos a 1ª entidade formadora de Portugal a integrar o grupo de fundadores da rede Europeia “EUROPEAN ASSOCIATION of TRAINING PROVIDERS”, o que é demonstrativo da nossa aposta no trabalho em rede e nas parcerias estratégicas.
https://www.europeantrainingproviders.eu/
8 – Nesta lógica de ação foi criada a EduFor Innov@tiveClassroom Lab, em icl.edufor.pt,
Num processo de muito trabalho, ambição e grande negociação com os Stakeholders, que compreenderam o potencial da ICL@b. Abrimos uma oportunidade de inovação, formação, promoção de trabalho educativo em ambientes inovadores, onde alunos, professores e outros atores podem desafiar-se e promover aprendizagens significativas.
- Academia STEM – https://pt-pt.facebook.com/stemmangualde/, uma rede para as competências do século XXI.
É o resultado de uma rede colaborativa entre CIM, Município, Agrupamento de Escolas de Mangualde e EduFor. O objetivo central é a melhoria das aprendizagens gerais e, particularmente, das competências para o século XXI.
Em conclusão, a nossa forma de trabalhar privilegia, como vimos, redes de trabalho colaborativo, parcerias estratégicas, na procura de melhores projetos pedagógicos, inovação, criatividade, ambientes educativos inovadores, numa tentativa de contribuir eficazmente para uma escola que prepara alunos para os desafios e competências do Séc. XXI.
Apostamos em Redes locais, regionais, nacionais, europeias. (Escolas, Municípios, Rede CIM, Centros de Investigação, Universidades, Empresas, Parceiros Europeus).
Hoje o conhecimento é global e a mobilidade física e intelectual está à distância de um clique.
O EduFor assume o trabalho em rede como uma marca de eficácia.
3 Projetos Pedagógicos Inovadores: Escola Secundária de Carcavelos, Escola da Ponte, Agrupamento do Freixo e Agrupamento de Atouguia da Baleia
O workshop “Projetos Pedagógicos Inovadores” contou com a apresentação de quatro projetos representativos de quatro modelos que envolvem diversos graus de autonomia: o Agrupamento de Escolas (AE) de Carcavelos, que não teve até ao momento qualquer contrato de autonomia formalizado; o Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia, que integrou o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC); o Agrupamento de Escolas de Freixo, incluído no Projeto Piloto de Inovação Pedagógica (PPIP) e a Escola da Ponte, que constitui uma referência em termos de práticas educativas inovadoras que se afastam do modelo tradicional, que se iniciou em 1976.
Adelino Calado, diretor do Agrupamento de Escolas de Carcavelos, começou por apresentar uma breve evolução do Agrupamento em termos de recursos humanos, de número de alunos e de resultados escolares nos últimos 10 anos. Salientou algumas características organizacionais e pedagógicas do seu Agrupamento: a existência de uma farda para os alunos, a inexistência de toques de entrada e saída, a não lecionação de “matéria” nas duas primeiras semanas de aulas, destinadas à criação de vínculos, a proibição de enviar trabalhos de casa, a não utilização de manuais escolares e a utilização do telemóvel como recurso digital na sala de aula. Adelino Calado destacou também a forma dialogada como é concretizada a resolução de problemas, exemplificando com a organização de uma formatura por parte dos alunos, que seguem o professor para entrar de forma ordeira na sala de aula, estratégia que foi sugerida pelos próprios alunos para colmatar alguma desorganização existente na entrada na sala de aula.
O caráter inovador do AE, contudo, advém do trabalho desenvolvido no que respeita à organização curricular e ao modelo de avaliação formativa. Adelino Calado destacou o trabalho persistente que se prolongou por quatro anos para consensualizar os aspetos mais marcantes no Agrupamento, designadamente, a definição de conteúdos a trabalhar e a forma de avaliação dos mesmos. A organização das turmas constitui uma singularidade. O Agrupamento tem oito turmas por ano de escolaridade, que se concretizam em aulas de cariz prático, agregando-se em duas turmas de cento e vinte alunos nas aulas de cariz expositivo. Por outro lado, reforçou que tem havido um trabalho formativo por parte das Educadoras do Agrupamento aos restantes docentes, já que o Agrupamento tem investido no prolongamento do modelo organizativo da Educação pré-escolar até ao 12º ano. Quanto ao sucesso que tem sido obtido pelos alunos, Adelino Calado considerou que tal deve-se a uma avaliação formativa permanente, que visa acompanhá-los na superação das suas dificuldades. A avaliação dos alunos é baseada no portefólio que estes constroem. O seu sucesso nos exames nacionais fica-se a dever a um sólido trabalho avaliativo e à preparação exaustiva focalizada para os mesmos, iniciada duas semanas antes das provas.
A representar a Escola da Ponte, estiveram as orientadoras Alexandra Ferreira e Rosa Sousa, cujo modelo pedagógico, iniciado após a Revolução de Abril, foi alargado ao 3º ciclo do ensino básico em 2004, tendo sido assinado o atual contrato de autonomia em 2013. Na Escola da Ponte, o trabalho dos alunos é organizado individualmente no início do dia, seguindo uma lógica de projeto e de equipa, estruturando-se a partir das interações entre os seus membros, com o intuito de promover a autonomia dos alunos. Tal como no AE de Carcavelos, as duas primeiras semanas de aulas do ano letivo são destinadas à “instalação” da escola, período durante o qual é realizada a identificação de problemas e concretizada a criação ou seleção dos dispositivos para o ano letivo.
A vida escolar assenta numa cultura participativa dos alunos, que são chamados a opinar sobre o seu percurso escolar, escolher as suas responsabilidades e grupos de trabalho, que devem ter um cariz heterogéneo, negociando as avaliações com as orientadoras educativas e colaborando nos dispositivos escolares e pedagógicos, designadamente na “comissão de ajuda” e na “assembleia de alunos”, que reúne todas as semanas. São os próprios alunos que, de forma autónoma, sinalizam a necessidade de recurso ao dispositivo “preciso de ajuda” e definem o momento “eu já sei”, que valida a sua preparação para a realização da avaliação.
O AE de Freixo, uma das seis escolas PPIP, com o Projeto intitulado “Personalização da Aprendizagem” foi representado pelo seu diretor, Luís Fernandes. Este começou por enfatizar a necessidade de “pensar diferente, de arriscar e acreditar”, reconhecendo que o percurso do projeto tem tido alguns obstáculos, ultrapassados com o recurso ao diálogo entre todos os intervenientes. Luís Fernandes destacou a necessidade de obter compromissos dentro da organização escolar, em particular com a tomada de decisão mais diluída, envolvendo as lideranças intermédias. O desenvolvimento deste projeto implicou a definição de várias medidas de caráter organizacional, a saber, a semestralização da avaliação e do calendário escolar, a inexistência de conselhos de turma, que foram substituídos pelos conselhos de ano, existindo a possibilidade de junção dos 5º e 6º anos.
Em termos pedagógicos, Luís Fernandes destacou a desconstrução das práticas dos docentes dentro da sala de aula que se encontravam enraizadas. Com uma taxa de retenção zero, o diretor elegeu a implementação do “Plano do Aluno” como instrumento pedagógico relevante. Este documento digital acompanha o aluno desde o pré-escolar ao 9º ano e contém a identificação dos problemas individuais, bem como das respetivas medidas a implementar, constituindo-se como um elemento pedagógico facilitador do conhecimento das características de cada aluno, contribuindo para uma abordagem pedagógica diferenciada.
Por último, interveio a diretora Sara Andrade, do AE Atouguia da Baleia, que começou por contextualizar a necessidade de construção de um projeto escolar inovador face ao meio desfavorecido e de iliteracia que caracterizava as três freguesias do concelho de Peniche, nas quais a escola era “o melhor equipamento”. Como tal, o projeto “A ler +” funcionou como um impulsionador para a redução do analfabetismo na comunidade, recorrendo a inúmeras práticas de promoção da leitura, ainda antes da implementação do Plano Nacional de Leitura. Foi também criada uma “Escola para pais”, com o intuito de fomentar a participação e intervenção dos pais na vida escolar.
Seguiu-se o combate à infoexclusão, tendo a escola traçado perfis de literacia para a informação, leitura e “media”. O enfoque no trabalho das diferentes literacias e a valorização do referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar” continuam a ser centrais na orientação pedagógica do Agrupamento. Também a formação em contexto de trabalho, que deu origem ao “currículo da biblioteca”, se tem constituído como fulcral. Assim, atualmente, a par da Biblioteca Escolar, a estrutura “sala de aula do futuro” e a utilização das tecnologias é outra das apostas do AE para aumentar o sucesso dos alunos, cujo trabalho é amplamente valorizado através de um modelo de trabalho de projeto.
Após as quatro apresentações, decorreu um momento de debate que contou com várias intervenções. Os modelos de avaliação das aprendizagens foram um dos assuntos que mais suscitou a curiosidade dos presentes. Foram ainda debatidos outros temas, de entre os quais a adesão dos docentes a estes projetos inovadores. De todos eles, emergiram dois grandes denominadores comuns: a necessidade de envolvimento de todos os intervenientes da comunidade escolar e a criação de uma cultura de diálogo, pois só desse modo se pode promover a autonomia dos alunos, bem como a aceitação e o compromisso com práticas organizacionais e pedagógicas que possam potenciar a melhoria das aprendizagens e, em última instância aumentar as competências e o sucesso educativo dos alunos.
Formação contínua e inovação: Como gerir a mudança?
Flexibilidade curricular e autonomia das escolas
Dr.ª Ariana Cosme inicia a sua intervenção afirmando que o tempo é bom para a escola e para o país. Os professores com dúvidas, com medos, procuram projetos diferentes para os seus alunos. As redes globais de informação fazem parecer que a escola não faz sentido. Coloca-se às escolas um projeto desafiante, que garanta a cada aluno a oportunidade de ouvir falar das diferentes disciplinas. É tempo de mudança, é urgente fazer essa mudança, sem presas, paulatinamente, com segurança, com responsabilidade, não pode correr o risco de perder credibilidade do sistema educativo. Convida todos a ajudar a fazer o seu cainho a partir das redes dos caminhos dos outros.
Inclusão para que te quero?
Dr. Filinto Lima na sua intervenção salientou um velho problema, os alunos só são especiais em tempo de aulas, que resposta a estes alunos nas pausas letivas e no final da escolaridade obrigatória? Mais grave ainda, são os alunos integrados em unidades especializadas, na alçada do Ministério de Educação e despois dos 18 anos passam para alçada do Ministério do Trabalho e Segurança Social ou de Ministério nenhum. Os que ficam confinados ao ministério da CASA, lugar normalizado no século passado apresenta-se como criminoso no presente.
Aprendizagens essenciais
José Vítor Pedroso refere que a mudança não se faz por decreto, faz-se em cada um de nós. A escola escolhe o seu caminho. É urgente trabalhar em equipa, criar redes de partilha. Alerta para o fato das Aprendizagens essenciais libertar tempo para o trabalho experimental e usar mais as tecnologias.
Inovação Pedagógica no século XXI. Qual o fator crítico?
Neuza Pedro fala-nos das salas de aulas, palco onde as mudanças devem acontecer. Ambientes de aprendizagem tem que ser inovadores e inspiradores. Espaços onde o perfil dos alunos possa-se desenvolver, espaços para o pequeno grupo trabalhar, orientado para a partilha e interajuda. Salas do futuro.
Educar para a cidadania e cultura democrática
Álvaro Laborinho Lúcio enceta o seu discurso assumindo-se como elemento externo ao sistema educativo, mas com legitimação, uma vez que entende a educação como tema de espaço publico e por isso cidadania e que um assunto que sabe alguma coisa é de crianças e os seus direitos.
Sugeriu aos CFAE pegar no tema os direitos da criança e cultura da criança para propor formação, no sentido de igualdade entre sujeitos. Afirma que a escola pública é a instituição com maior sucesso apos 25 de abril de 1974, nomeadamente no êxito no combate ao analfabetismo, no aumento das várias literacias e na redução da taxa de exclusão.
Afirma, não se pode falar em cidadania e cultura democrática, se a escola não for um espaço exemplar de educação para a cidadania e cultura democrática. A qualidade da escola pública e os seus professores é inequívoca.